terça-feira, 13 de julho de 2010

Dividindo o espaço!




Hoje vou fazer um post um pouco diferente, em alguns momentos a Miastenia pra mim pareceu um fardo extremamente pesado, me levou a pensar se o melhor não seria morrer e fugir de todo esse sofrimento, quando esses pensamentos ficaram fortes e quase me dominaram, uma pessoa apareceu e me deu um puxão de orelha!! Foi meu amigo Rodrigo, eu não conheço o Rodrigo, pessoalmente não, mas conheço ele por termos a mesma doença, transcrevo abaixo um pedacinho da história do Rodrigo que ele me autorizou a colocar:

Nos últimos doze meses, minha vida mudou completamente , fui perdendo os meus movimentos , tinha dia que eu estava bem e tinha dia que eu estava péssimo.

Em novembro passado descobri que tenho Miastenia gravis, uma doença degenerativa dos músculos, muitos médicos já ouviram falar, mas poucos sabem como tratar , estou hj enfrentando a 4º crise sem força no pescoço, no rosto, na boca, nos olhos, nos braços e nas pernas, as vezes alguém me falava que eu estava vesgo e eu não sabia, mas hj eu sei, a parte do corpo mais atingida pela miastenia são os olhos, eu tenho a pior manifestação da miastenia, que ataca os olhos, o rosto, deglutição, os maxilares a parte respiratória, os braços e as pernas, no começo estava tratando apenas com mestinon o único remédio no mundo para miastenia.


O Rodrigo fez a cirurgia do timo, mas antes disso sofreu muito nos hospitais, descrito ai em cima está o começo da quarta crise dele ainda existem mais coisas a falar, mas isso eu vou deixar a cargo dele, embaixo vou transcrever mais um pedaço do que ele passou no hospital e depois faço a conclusão! (É assim que crio um texto)

Dr Cláudio Brito neurologista conhecido da família me viu e indicou um médico na quinta-feira, que conhecia miastenia , porém o mesmo só poderia me atender a uma hora da tarde, portanto na quinta feira as 7 da manhã voltei ao hospital pois não conseguia respirar sozinho, fiquei em uma maca no setor particular esperando o medico chegar, minha pressão estava 17 por 10 quando a minha pressão normal é 12 por 8, eu tremia todo, não conseguia completar nenhuma frase e fazia muita força para respirar, mesmo assim o médico me deixou esperando até a chegada do neurologista , cada minuto eu chamava pelo médico, a enfermeira não sabia mais o que fazer, meus amigos e familiares que não eram poucos a todo minuto ligavam para o médico, procuravam conhecidos, eu já não aguentava mais, não deixaram eu subir para o quarto particular pq la ninguém poderia me olhar, então quando foi meio-dia , o médico chegou e me autorizaram subir para o quarto.

A enfermeira chefe se apresentou a todos, enquanto o médico neurologista conversava com o médico do Rio de janeiro, e em seguida meus familiares e eu fomos informados que eu iria para o CTI e que as enfermeiras já estavam vindo me buscar foi aquele desespero dos meus pais, foi quando eu olhei para meu pai segurei a mão dele e ele se abaixou pq eu não tinha força para falar e disse a ele próximo ao seu ouvido, pai eu não agüento mais, no mesmo momento os meus familiares chamaram o médico, que estava do lado de fora ao telefone, pegaram uma maca no corredor e as enfermeiras entraram correndo na sala me jogaram na outra maca e saíram correndo pelo corredor, eu já não respirava, mas estava lúcido foi a minha sorte, eu tremia todo, foi quando eu entrei no CTI, isso tudo durou cerca de 1 minuto, só vi a enfermeira dizendo que iria aplicar um remédio para eu dormir, meus dentes batiam um no outro pois tremia muito, vi bisturi caindo do meu lado a enfermeira dizendo saturação em 50%, vi vários aparelhos e apaguei.

Acordei somente na sexta feira, cheio de aparelhos, entubado cheio de sondas, o médico veio falar comigo e disse que meus pulmões haviam parado e os brônquios tb, e que meu estado era grave mas eu iria sair dessa. Minhas mãos amarradas, respirando por aparelhos mas lúcido, a tarde foi muito feliz apesar do meu estado meus pais foram os primeiros a entrar, lógico que chorando e os meus familiares e amigos também, eu só podia segurar a mão deles, mesmo amarrado eles me davam as mãos, eu chorava a cada um que entrava, bati o recorde de visitas do CTI


Depois de tudo isso, e do restante que não coloquei aqui mas que o Rodrigo me contou achei minha doença insignificante e minha atitude mesquinha! Se Deus nos coloca provações mas nos mantém, é porque ele sabe que nós podemos ajudar as pessoas, foi isso o que o Rodrigo fez comigo aquele dia, e é isso que eu tento e tenho que fazer não só pelos que tem a mesma doença mas por todo mundo que se sente perdido, para que eles não precisem de uma provação igual a minha e a do Rodrigo!!

Bjos e abraços a todos (Post longo mas acredito que valerá a pena)

2 comentários:

  1. Lindo e emocionante o seu post. Lendo é que vemos como nossos problemas se tornam tão pequenos...Ah eu tb fiz terapia anos, mas, ainda não alcancei nenhuma evolução.
    Bjs

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